Amazônia: pesquisa resgata a história da imigração japonesa e sua contribuição no cultivo de juta e pimenta-do-reino na região

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Alfredo Kingo Oyama Homma
Formato: Online
Publicado em: 2008
Assuntos:
Acesso em linha:https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese/artigo?item_id=23589
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abstract O estudo mostra a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo.
coverage Nesta pesquisa, o ponto relevante para os dias de hoje é o resgate da história da imigração japonesa na Amazônia, seus principais personagens e os impactos produzidos na agricultura regional, com a introdução e a intensificação do cultivo da juta e da pimenta-do-reino, que tiveram significativa participação na economia dos estados do Pará e Amazonas. Além disso, esses imigrantes ainda são responsáveis pelo desenvolvimento das lavouras de mamão hawai, melão, mangostão, rambutã, durian, acerola, cupuaçu, açaí, maracujá, entre outras. Os japoneses promovem a valorização das frutas regionais desde a década de 1970. Estabelecidos, por volta de 1929, no município de Tomé-Açu no Pará (anteriormente denominado Acará), os colonos nipo-brasileiros permanecem no mesmo local, onde se tornaram modelos no desenvolvimento de sistemas agroflorestais e da capacidade de adaptação às mudanças de mercado, adotando os preceitos de conservação. Entender as razões de sucesso e fracasso da imigração japonesa na Amazônia pode estar na raiz da busca de um crescimento estável, de uma agricultura mais sustentável, mais adequada e justa para a região. Com certeza, constitui a razão do êxito desse desenvolvimento a qualidade dos recursos humanos, um melhor nível de educação formal e sistematizada e a adaptação de uma agricultura amazônica com tecnologia, voltada para o mercado.
A imigração japonesa na Amazônia promoveu uma singular experiência de desenvolvimento agrícola com a introdução das lavouras de juta nas várzeas do rio Amazonas e de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme, ambas trazidas de possessões britânicas, como antítese da transferência da seringueira, levada pelos ingleses para as suas colônias na Ásia. A lavoura de juta atingiu seu auge na década de 1960, com mais de 50 mil agricultores envolvidos no seu plantio e representou mais de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado do Amazonas, levando o Brasil a autossuficiência de fibra de juta em 1952. No entanto, torna novamente importador em 1970 e tem o seu gradativo desaparecimento na década de 1990. A lavoura de pimenta-do-reino alcança seu apogeu na década de 1970, quando mais de 35% do valor das exportações do Estado do Pará era decorrente das exportações de pimenta-do-reino, para perder a sua importância relativa nas décadas posteriores, com o crescimento do setor madeireiro, da mineração e da pecuária. A democratização dessas duas lavouras mostrou que os caboclos da Amazônia não eram contrários às inovações. Eles adotaram essas plantas exóticas, com suas complexidades de cultivo e beneficiamento, atraídos pelas condições favoráveis de preço e mercado. Esse comportamento constitui um indicativo importante de que é possível vencer os desafios ambientais da região, na busca de um desenvolvimento mais sustentável, desde que sejam fornecidas condições de mercado e técnicas apropriadas. A experiência agrícola japonesa na Amazônia teve também grandes custos ambientais, com o desmatamento das áreas de várzeas para o plantio da juta e da expansão da lavoura de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme. As comemorações do centenário da imigração japonesa testemunham as mudanças no contexto econômico, político, sociocultural e ambiental que tanto o Brasil e o Japão sofreram no período pós-guerra. Quando os primeiros colonos japoneses se estabeleceram no País, vinte anos após a libertação dos escravos, o interesse era a mão-de-obra para trabalhar nos cafezais. A crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929 permitiu que os imigrantes japoneses passassem a adquirir terras e, com o tempo, obtivessem sucesso em diversas atividades agrícolas. Nessa busca de sonhos e esperanças, um Brasil rural desaparecia para dar lugar a um Brasil urbano e, ao mesmo tempo, um Japão com tradições agrícolas se transformava numa potência industrial no cenário mundial. Embora tal fato tenha minimizado a importância da contribuição dos imigrantes japoneses na agricultura nacional, sua presença ficou registrada nas dezenas de cultivos permanentes e anuais, na criação de aves, hortaliças, bicho-da-seda, no cooperativismo etc. Um modelo de colonização que não teria viabilidade nos dias atuais, baseada na transferência de recursos genéticos, deu lugar a uma agricultura intensiva, com tecnologia gerada no próprio País e no contexto do agronegócio mundial. Como antítese dos primeiros imigrantes japoneses, o fluxo de dekasseguis (processo migratório de trabalhadores nipo-brasileiros) mostra o choque de culturas entre duas gerações nesse primeiro centenário para um Japão industrial carente de mão-de-obra. O estudo desenvolvido pelo agrônomo Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), apresenta a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo, bem como ao novo enfoque do mercado, voltado para a mineração e para o setor industrial.
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A pesquisa se baseou no levantamento de informações bibliográficas sobre a imigração japonesa no País e no exterior, na análise de leis e decretos, de entrevistas realizadas com os pioneiros da imigração, bem como de documentos do acervo familiar do autor, cujo avô materno Ryota Oyama foi o responsável pela aclimatação da juta nas várzeas amazônicas na década de 1930. Foi um paciente trabalho de coleta de informações que o autor já vinha perseguindo desde a década de 1970, pela experiência de desenvolvimento agrícola sem precedentes, provocada pela imigração japonesa com a introdução de duas principais culturas: a juta e a pimenta-do-reino. Ao longo desse período, foram publicados diversos artigos escritos sobre o tema, que culminaram no planejamento de um livro, visando à edição e ao lançamento por ocasião das comemorações do centenário da imigração japonesa no País.
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institution Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
publishDate 2008
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area Ciências Humanas
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Os japoneses promovem a valorização das frutas regionais desde a década de 1970. Estabelecidos, por volta de 1929, no município de Tomé-Açu no Pará (anteriormente denominado Acará), os colonos nipo-brasileiros permanecem no mesmo local, onde se tornaram modelos no desenvolvimento de sistemas agroflorestais e da capacidade de adaptação às mudanças de mercado, adotando os preceitos de conservação. Entender as razões de sucesso e fracasso da imigração japonesa na Amazônia pode estar na raiz da busca de um crescimento estável, de uma agricultura mais sustentável, mais adequada e justa para a região. Com certeza, constitui a razão do êxito desse desenvolvimento a qualidade dos recursos humanos, um melhor nível de educação formal e sistematizada e a adaptação de uma agricultura amazônica com tecnologia, voltada para o mercado. A imigração japonesa na Amazônia promoveu uma singular experiência de desenvolvimento agrícola com a introdução das lavouras de juta nas várzeas do rio Amazonas e de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme, ambas trazidas de possessões britânicas, como antítese da transferência da seringueira, levada pelos ingleses para as suas colônias na Ásia. A lavoura de juta atingiu seu auge na década de 1960, com mais de 50 mil agricultores envolvidos no seu plantio e representou mais de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado do Amazonas, levando o Brasil a autossuficiência de fibra de juta em 1952. No entanto, torna novamente importador em 1970 e tem o seu gradativo desaparecimento na década de 1990. A lavoura de pimenta-do-reino alcança seu apogeu na década de 1970, quando mais de 35% do valor das exportações do Estado do Pará era decorrente das exportações de pimenta-do-reino, para perder a sua importância relativa nas décadas posteriores, com o crescimento do setor madeireiro, da mineração e da pecuária. A democratização dessas duas lavouras mostrou que os caboclos da Amazônia não eram contrários às inovações. Eles adotaram essas plantas exóticas, com suas complexidades de cultivo e beneficiamento, atraídos pelas condições favoráveis de preço e mercado. Esse comportamento constitui um indicativo importante de que é possível vencer os desafios ambientais da região, na busca de um desenvolvimento mais sustentável, desde que sejam fornecidas condições de mercado e técnicas apropriadas. A experiência agrícola japonesa na Amazônia teve também grandes custos ambientais, com o desmatamento das áreas de várzeas para o plantio da juta e da expansão da lavoura de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme. As comemorações do centenário da imigração japonesa testemunham as mudanças no contexto econômico, político, sociocultural e ambiental que tanto o Brasil e o Japão sofreram no período pós-guerra. Quando os primeiros colonos japoneses se estabeleceram no País, vinte anos após a libertação dos escravos, o interesse era a mão-de-obra para trabalhar nos cafezais. A crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929 permitiu que os imigrantes japoneses passassem a adquirir terras e, com o tempo, obtivessem sucesso em diversas atividades agrícolas. Nessa busca de sonhos e esperanças, um Brasil rural desaparecia para dar lugar a um Brasil urbano e, ao mesmo tempo, um Japão com tradições agrícolas se transformava numa potência industrial no cenário mundial. Embora tal fato tenha minimizado a importância da contribuição dos imigrantes japoneses na agricultura nacional, sua presença ficou registrada nas dezenas de cultivos permanentes e anuais, na criação de aves, hortaliças, bicho-da-seda, no cooperativismo etc. Um modelo de colonização que não teria viabilidade nos dias atuais, baseada na transferência de recursos genéticos, deu lugar a uma agricultura intensiva, com tecnologia gerada no próprio País e no contexto do agronegócio mundial. Como antítese dos primeiros imigrantes japoneses, o fluxo de dekasseguis (processo migratório de trabalhadores nipo-brasileiros) mostra o choque de culturas entre duas gerações nesse primeiro centenário para um Japão industrial carente de mão-de-obra. O estudo desenvolvido pelo agrônomo Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), apresenta a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo, bem como ao novo enfoque do mercado, voltado para a mineração e para o setor industrial. 00229_1.jpg 00229_2.jpg 00229_3.jpg A pesquisa se baseou no levantamento de informações bibliográficas sobre a imigração japonesa no País e no exterior, na análise de leis e decretos, de entrevistas realizadas com os pioneiros da imigração, bem como de documentos do acervo familiar do autor, cujo avô materno Ryota Oyama foi o responsável pela aclimatação da juta nas várzeas amazônicas na década de 1930. Foi um paciente trabalho de coleta de informações que o autor já vinha perseguindo desde a década de 1970, pela experiência de desenvolvimento agrícola sem precedentes, provocada pela imigração japonesa com a introdução de duas principais culturas: a juta e a pimenta-do-reino. Ao longo desse período, foram publicados diversos artigos escritos sobre o tema, que culminaram no planejamento de um livro, visando à edição e ao lançamento por ocasião das comemorações do centenário da imigração japonesa no País. 00229_4.jpg 00229_5.jpg 00229_6.jpg A imigração japonesa na Amazônia: sua contribuição ao desenvolvimento agrícola O estudo mostra a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo. 2008-04-17 https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/144765/1/Livro-Imigracao-Online.pdf Ciências Humanas A pesquisa se baseou no levantamento de informações bibliográficas sobre a imigração japonesa no País e no exterior, na análise de leis e decretos, de entrevistas realizadas com os pioneiros da imigração, bem como de documentos do acervo familiar do autor, cujo avô materno Ryota Oyama foi o responsável pela aclimatação da juta nas várzeas amazônicas na década de 1930. Foi um paciente trabalho de coleta de informações que o autor já vinha perseguindo desde a década de 1970, pela experiência de desenvolvimento agrícola sem precedentes, provocada pela imigração japonesa com a introdução de duas principais culturas: a juta e a pimenta-do-reino. 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