Bertha Becker

Bertha Koifmann Becker nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 07 de novembro de 1930. Filha caçula da ucraniana Adélia e do romeno Isac Koiffmann, inspirou-se em sua irmã mais velha quando decidiu cursar a universidade. Bacharela e Licenciada em Geografia e História pela Universidade do Brasil (hoje...

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Julkaistu: 2021
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Yhteenveto:Bertha Koifmann Becker nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 07 de novembro de 1930. Filha caçula da ucraniana Adélia e do romeno Isac Koiffmann, inspirou-se em sua irmã mais velha quando decidiu cursar a universidade. Bacharela e Licenciada em Geografia e História pela Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), Bertha graduou-se em 1952 e dedicou sua vida acadêmica aos estudos sobre a Amazônia. Na mesma instituição, tornou-se professora em 1958, doutorando-se no Instituto de Geociências, em 1970. Dezesseis anos depois (1986), ingressou em um pós-doutorado no Massachussetts Institute of Technology (MIT), no Departamento de Estudos e Planejamento Urbano. No ano de 1994, tornou-se Professora Titular do Instituto de Geociências da UFRJ, onde atuou até 2000, aposentando-se. Bertha foi uma professora que induzia os alunos ao questionamento, organizando as aulas em forma de debates. Dona de uma persona colorida, cheia de vida, que falava também através de gestos, a cientista tinha o hábito de tirar seus estudantes das linhas de pensamento confortáveis para inserir e debater novas ideias. Bertha chamava a Amazônia de “floresta urbanizada” e, como ressaltou, esse processo de urbanização intensificou-se muito no final do século XX, quando a região recebia um número enorme de pessoas de diferentes estados do Brasil. Tal movimento se deu, em muito, ao incentivo e às políticas públicas colocadas em prática pelo Governo Federal, à época. Em um local onde ainda há amplos conflitos relacionados à demarcação de terras, muitos desses migrantes não conseguiram acesso às mesmas, passando a formar, ampliar e habitar os centros urbanos amazônicos. Ainda, destacou que o nível de urbanização de um local não é medido apenas pelo crescimento das cidades em si, mas pela difusão de valores urbanos, ampliação das redes de telecomunicações e pela existência de uma mobilidade de trabalho – ou seja, de pessoas que se deslocam diariamente de seus locais de residência para seus postos de trabalho. Essa mobilidade representa um leva e traz de valores, os quais, para a cientista, iam das cidades para as zonas rurais e vice-versa. Bertha Becker apontou em suas pesquisas que esses centros urbanos amazônicos consistem em um dos maiores problemas socioambientais da região. Além da destruição da própria floresta em si, tais regiões abrigam um número expressivo de pessoas e possuem uma infraestrutura extremamente precária. Desse modo, seus habitantes não têm acesso a serviços básicos como saúde e saneamento, o que propicia a disseminação de diversas doenças que seriam evitáveis, se houvesse investimento e criação de políticas públicas, no sentido de melhorar e ampliar tais serviços. A referida pesquisadora era adepta de uma exploração não destrutiva dos recursos naturais, que incluísse as populações locais, as médias e grandes empresas, respeitando-se a diversidade social. Para ela, a tecnologia seria o dispositivo capaz de gerar riqueza e inclusão social sem comprometer o meio ambiente. Reiterou que a floresta amazônica possui grandes e exclusivas riquezas, tais como: a extração de óleos e outras obras primas para a fabricação de cosméticos e fármacos. A exploração desses recursos é muito rentável, e se for consciente e não destrutiva pode impedir que outras atividades, como a produção de soja e a pecuária, invadam os limites da floresta. Em outras palavras, a pesquisadora defendia que a exploração de recursos nobres da floresta amazônica seria uma boa forma de legitimar e demonstrar seu valor e sua exclusividade. Assim, a criação de gado e o plantio da soja, atividades que podem ser desenvolvidas em localidades já degradadas, teriam menos chances de adentrar a floresta, causando desmatamento e destruição. Afinal, a floresta é fonte de produtos exclusivos, que não podem ser extraídos de outras fontes. A aposentadoria não representou o fim da carreira intelectual de Bertha Becker, que continuou desenvolvendo suas investigações, atuando como Professora Emérita, coordenando o Laboratório de Gestão do Território (LAGET/UFRJ) até o final de sua vida. Através de pesquisas teóricas e empíricas, buscou evidenciar os impactos causados pelas interferências humanas no território estudado e como esses impactos mudaram as dinâmicas de funcionamento da região amazônica. Becker foi Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (2006) e participou do corpo editorial de renomados periódicos em sua área e de editoras acadêmicas. A cientista tem mais de 140 produções acadêmicas, entre livros, capítulos de livros e artigos. Seu legado para a ciência brasileira nas áreas de geografia política, manejo de biodiversidade e planejamento urbano é imensurável.